Somos todos originários
No princípio da ancestralidade é necessário lembrar do fato de que todo ser humano possui em sua origem algum povo originário ou muitos de algum lugar do mundo. O afastamento de suas origens e raízes culturais também trouxe uma separação do homem da natureza que é importante para composição da sua forma de pensamento. A história é feita de ações pelo domínio, imposições de práticas e culturas. Discernir sobre reconhecer o passado de sua árvore genealógica e o que manifesta no presente na identidade construída sempre no cotidiano e formação enquanto sujeito —um caminho para compreender quem é hoje.
Precisamos lembrar dos povos africanos, romani, asiáticos, do Oriente Médio e tantos outros mesmo em suas diásporas. Quando pensamos nas raízes de religiões como budismo, vocês lembram que 'Buda' também vem de um povo originário ? Imaginaram o fato de sua origem indígena? Essencial compreender até onde é profunda a leitura que fazemos sobre nossas culturas e de outros, ou não percebemos que no outro habita também ancestrais. O que existe sempre são as diferenças não exclusividade ou superioridade de nenhuma cultura. Como elas se encontram em meio aos choques coloniais e o que possuem em comum? Vivemos em sociedades pluriétnicas que encontram o desafio de resistir a uniformização estatal de seus corpos e expressões. Identidades são fragmentadas e muitos buscam suas faces perdidas na ocidentalização e genocídio. As identidades culturais são vinculadas ao lugar de pensamento do indivíduo não as suas vestimentas ou aparência racial. Elas podem ser manifestadas em suas roupas, expressões artísticas, músicas e pensar.

Pode nascer e renascer toda vez que é alimentada. O que vem antes da noção e conceito de identidade auxilia em entender que na subjetivização ela encontra uma liberdade em se adaptar aos contextos históricos, sociais e até culturais, mas é preciso atenção para não confundir com os eus estruturais fabricados, dentro de um sistema que os vende como algo que se consome ou pode vestir quando bem entende rompendo sua base ancestral. A base/raíz é o guia nesta longa jornada em conhecer a si e enxergar os outros.
Texto e foto de Renata Tupinambá @aratykyra